Paradoxo Brasil X China

Há muitos anos, em trabalho acadêmico foi previsto que a China dominaria o mundo e que o tempo para essa ocorrência dependeria dos fatores basicamente dos fatores educacional e político. Como estes só foram reengeirados pela China no final dos anos 70, retardou hoje o processo de curso acelerado.



O que nos levou a previsão para um país em atraso intenso na época foram basicamente, três fatores : 

1) O contigente populacional e suas necessidades, em crescimento geométrico 

2) A incapacidade de recursos naturais atenderem á crescente demanda potencial, o que forçaria a China a buscar outros territórios. 

3) A história prática estratégica (ou de estratagemas), milenarmente cultivada e praticada naquela nação. 

O liberalismo econômico, que tem conveniências, nem sempre se desenvolve com a desejável simetria e responsabilidade social, principalmente nos processos globalizados. Nas relações atuais, a China sabe bem onde quer chegar, o que quer conquistar, o que pode e o que quer ceder, qual é o seu potencial e quais suas limitações patrimoniais. O governo brasileiro, pleiteando receber o apoio de uma cadeira da ONU, de importância apenas relativa , apressada e ingenuamente reconheceu a China como “economia de Mercado”. Trocou e não recebeu – jade por tijolo, deixando potencial ameaça as relações futuras, quando precisar apoiar-se em barreiras de proteção comercial, o que já se prenuncia. A China tem diferencias vantajosos inatingíveis pela maioria dos setores industriais do mundo, exceto os recursos naturais que não disponha. Sua base de remuneração do trabalho, a baixa carga tributária e de juros, a informalidade e a pirataria ameaçam as indústrias do mundo e em especial o Brasil, detentor da mais alta taxa de juros do planeta e carga tributária entre as mais elevadas. Isto destrói o poder competitivo, mesmo com a mais alta produtividade. A alternativa de Reciprocidade - explorar o mercado chinês - acessível a alguns setores é inacessível a maioria, pelos diferenciais competitivos estruturais e a salvaguardas estratégicas, já que lá as regras, as normas, os contratos, e a legislação não são rigidamente respeitadas, quando inconvenientes aos interesses locais. A opção é instalar lá as fábricas de componentes para que as unidades daqui e de outras partes do mundo sejam mera montadoras é uma alternativa. Porém também seus riscos. 

A china tem pré- definidos empreendimentos incentivados, tolerados e impedidos 

Incentiva - investimentos estrangeiros para novas tecnologias agrícolas, e desenvolvimento agrícola; para infraestrutura (energia, transporte); aporte de tecnologias novas e avançadas para melhorar a utilização de recursos ; aumento da exportação de produtos para mercados sofisticados; que ajude a desenvolver as regiões centro-oeste do país ; que cumpra as leis e regulamentações administrativas. 
Restringe - o IED que pretende explorar os recursos domésticos ,que concorram com as tecnologias domésticas, não atendimento a demanda interna; nos monopólis estatais. 
Proíbe - o IED que ameace a segurança nacional ou o benefício público social; polua o ambiente ou prejudique a saúde das pessoas; afete negativamente os recursos do solo; aproveite a vantagem de tecnologias exclusivas da China e quando a proibição legal. 
A leitura que a China só faz produto de baixa qualidade já esta ultrapassada. A mais recente investida daquele país é a captação de tecnologia, levando profissionais de todas as partes do mundo, detentores do Know-How, com pagamento de altos salários, porém até sugar a tecnologia. Assim procedeu com a moda italiana, com os calçados brasileiros, curtumes e outros. Como medida prática (estratégia), para acelerar a mudança da imagem e entrar em mercados sofisticados, a China está adquirindo, a altos custos, marcas mundialmente reconhecidas. 
As Condições da estrutura produtiva chinesa, aliadas a manutenção da moeda desvalorizada, devido ao regime cambial fixo e ao agressivo interesse exportador facilitado por agentes nos diversos países do mundo, além da pirataria institucionalizada, estão tornando o mundo dependente estão tornando o mundo dependente de seus excedentes econômicos, sob a forma de Investimentos Estrangeiros Diretos ( IED), dificultando ações de reação pelos países endividados, visto que uma ameaça de retirada de seus investimentos poderia em muitos países, fazer trepidar a economia. Nos EUA, por exemplo enquanto a indústria e o Congresso pressionavam para instituir barreira tarifária(27,5%) a importação, as autoridades governamentais, principalmente o FED, e até o BIRD ficavam cautelosos, cientes do potencial de geração e crise mundial que isto representaria. 

De Tudo isso resultariam, pelo, menos, uma dúvida, uma pergunta e uma tentativa de resposta: 

Dúvida: A relação Brasil x China é inconveniente para o Brasil? 
Pergunta: Devemos, então bloquear/romper a relação com a China? O que deveremos fazer? 

A tentativa de resposta subdivide-se em três itens :

A relação Brasil x China é paradoxal. É uma oportunidade que traz grandes riscos, especialmente de exaustão de recursos e de desestruturação de muitos segmentos industriais. Por isso qualquer compromisso abrangente deve ser precedido de responsável estudo de viabilidade. 
Não. Não devemos, bloquear/romper a relação Brasil-China. Mas precisamos superar a ingenuidade. Não devemos trocar jade por tijolo. Precisamos ter visão de futuro. Ter pressa e calma. 
Em vista da dimensão e responsabilidade, inclusive de preservação do Patrimônio Natural e Tecnológico, a relação Brasil-China precisa ser tratada na dimensão geopolítica e geoestratégica. 
Se Isto não for feito correremos o risco de exaurir nossos recursos sem chegarmos ao desenvolvimento, no verdadeiro conceito, e termos feito apropriação indébita(roubo) das gerações futuras do direito de uma vida digna. No Curto prazo, estaremos destruindo, pelas diferenças competitivas, grande parte do parque produtivo brasileiro, gerando mais desemprego e desgaste social. Se pudermos devemos, cooperar para aquele País vença seus gigantescos desafios. Porém, desde que o preço não seja a condenação das gerações futuras.



Por Umberto Dessalsso, Economista, Presidente do CORECON-SC, Professor Universitário e Consultor Empresarial de Alta Gestão. Autor dos Livros: Metodologia de Análise Empresarial; Finanças Comportamentais: Orçamento Familiar. 

http://www.cofecon.org.br – Conselho Federal de Economia 



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